segunda-feira, 5 de julho de 2010

Incógnita.

Lá estava ela sentada, sentindo o vento bater em seu rosto, e ouvindo ele fazer sua coreografia com as folhas das árvores. Aquilo lhe parecia remédio para a alma. Carinho, música. Um céu azul pra se deliciar...
Na sua frente: folhas em branco e lápis. Sempre sentia necessidade de se traduzir e de se expressar. Talvez por isso se sentia assim, tão...
Mas olhando-a bem, aqueles seus grandes olhos expressivos dizem pra qualquer um que realmente lhe preste a devida atenção que o que ela precisa mesmo é de traduzir pessoas, precisa que se expressem pra ela. Na verdade, ela sempre tivera esse dom, bastava olhar e o entenderia. Agora que ela mais precisa, isso falha.
Trancrevê-la era fácil, só em ver o brilho dos seus olhos quando via as visitas de pássaros e borboletas, poderia se supor que o que precisava era uma alma que lhe trouxesse alegria, companhia, um colo que lhe desse consolo e proteção. Mas não era isso que ela queria por no papel, ela queria por ali os sentimentos das pessoas difíceis de ser legendadas. Só precisava de palavras, respostas, e de certezas.

Intertextualizando "Dois" - Tiê: "E mesmo assim, queria te perguntar, te contar... tem espaço de sobra no teu coração? No meu tem."