sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Casualmente.




Ele: Olá de novo! Há quanto tempo, não?
Ela: Oi! Que inesperado!
Ele: Com certeza. Eu sei que conversas padrões são chatas mas... como anda a vida?
Ela: Vai bem.
Ele: Tem certeza? Onde está aquele brilho no olhar, que eu conheço e gosto tanto?
Ela: Como assim? Como você percebeu isso?
Ele: Não é a unica que para pra observar as pessoas, amiguinha.
Ela: (risos) Vai saber! Você sempre teve essas coisas mesmo, de me entender.
Ele: Então eu estava certo afinal, tem alguma coisa.
Ela: Argh, essa profissão é minha!
Ele: Desculpa, no meu caminho aprendo várias coisas.
Ela: Enfim, não é uma coisa que eu costumo dizer pra todo mundo, sabe?
Ele: Eu não sou todo mundo, sou seu amigo.
Ela: (risos) É... talvez, mas nós não nos conhecemos há muito tempo, pode deixar para outra hora?
Ele: Ah! Tá. Nós nunca nos vemos, como irá me encontrar para me contar?
Ela: Não tenho como te encontrar, o tempo te levará até mim.. mas lembre que é a VOCÊ!
Ele: (risos) Como queira, sou eu que quero que isso continue para sempre.
Ela: Mas... porque você, que viaja esse mundo todo, quer que esses laços sejam consolidados?
Ele: Ora, não valeria a pena eu viajar esse mundo todo e não levar comigo uma parte do coração das pessoas que eu conheço, da mesma forma não serviria de nada eu levar isso comigo, se eu não deixasse uma parte do meu coração.
Ela: É uma troca interessante.
Ele: Não sei se esse é o termo certo, mas é sim.
Ela: Ok, então. Nos veremos na próxima.
Ele: (risos) Palavras bonitas não fazem você mudar de ideia, não é mesmo?
Ela: Não mudam o rumo das minhas decisões no presente, mas provavelmente alteram as minhas decisões futuro.
Ele: (risos) Certo... Nos vemos por ai.

Legenda
Ele: O Viajante.
Ela: A Observadora.


Texto-diálogo tirado do Traveling Around, do meu amigo Renê Airton.
Obrigada por ter me animado com ele! Foi uma bela, hm, homenagem (?).
Personagens um tanto quanto descritivos, não acham?  

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Aparentemente, eu.

Eu, aparentemente, não acordara num bom dia. Acho que as últimas coisas que me ocorreram trouxeram consigo essa consequência. A vontade de me levantar não me vem, continuo fitando o teto... de vez em quando mudo o foco: pra um feixe de luz pulando timidamente de uma brecha da janela fechada; ou pro meu violão, penosamente encostado na parede pedindo para me levantar e me animar. Continuo inerte, não por preguiça nem outra coisa do gênero. Uma angustia me enchia; meu corpo pedia pra continuar agasalhado, e no quase-escuro do meu quarto.
Por fim, tentei ser mais forte e me levantei e quase me arrependi na mesma hora. Pisei num dos meus livros jogados no chão e comecei a decifrar, ainda com minha vista turva, a bagunça do meu quarto. Acho que Clarice (Lispector) me entenderia. Quando sua mente está numa bagunça, parece que suas coisas refletem isso. Consegui empurrar o máximo de coisa que vi com o pé, até chegar em frente ao meu espelho retangular e fino, que ia do chão ao teto, e sentar de frente a ele. Minhas típicas olheiras pareciam estar bem maiores, meu cabelo mais desgrenhado do que de costume, minha coluna insistia em não querer se erguer, implorando o apoio dos meus braços. Meu violão não me respondia. Não conseguia produzir nele nenhum acorde senão triste. Meus olhos pareciam cinzas.
Toda essa sobrecarga de sentimentos, emoções, momentos e lembranças haviam me consumido um pouco. Até meus pequenos felinos amados apareceram com suas carícias inegáveis tentando me animar e me propor um pouco de disposição: é hora de reorganizar! Molhar o rosto, prender os meus fios um tanto quanto ondulados e cheios que quase não consigo comporta numa só mão, vestir uma roupa confortável; pôr os livros na estante, os rascunhos na gaveta, as roupas sujas na água com sabão. E, por fim, deitar-me; vislumbrar a ordem (material) era agradável até eu começar a soprar minha gaita desafinadamente tentando colocar cada lembrança, sentimento e outras coisas em seus devidos lugares. Depois de um tempo o coração se adapta.
E, quem sabe, enfim, um telefonema seguido de uma companhia acrescentando-lhe sorrisos e abraços. E, por fim, descanso e um colo confortador.

Qualquer de vocês que souberem um link que eu possa ler "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres" de Clarice Lispector; ou que possa me emprestar o livro; ou algo do tipo, favor, avise-me. Ele parece estar me descrevendo, com o pouco que tive contato.


Tem um novo post programado pra quinta-feira pela manhã. Visitem!