quinta-feira, 17 de abril de 2014
Reticências
Quando se trata de nós, tudo parece começar e terminar em reticências. Fica subentendido, e sem exatamente início e fim. E a parte escrita parece um entrelaçado de momentos sem ordem cronológica definida, tão entrelaçados como nossas pernas, braços e dedos. Tudo confuso e claro como um sonho bom, que de lembrar te faz sorrir. Como lembrar de todas as noites em que me esperava dormir e ficava minutos só me observando, sem saber que na verdade eu estava apenas de olhos fechados te sentindo do meu lado; todos os dias em que eramos você, o mar e eu; todas as noites mal dormidas, ou sequer dormidas; todas as guerras de travesseiro, as besteiras. Os suspiros. Os toques. Os beijos. Os abraços, desajeitados, apertados, dos que me faziam sair do chão, você me colocando nos braços. Nossos corpos - apesar de eu ser quase trinta centímetros menor - pareciam se encaixar perfeitamente, se completar, e acompanhar o mesmo ritmo. As lágrimas. As despedidas. Mas prefiro lembrar dos sorrisos, apesar daquelas gotas salgadas derramadas significarem tanto. Eu prefiro lembrar que tive tudo o que eu desejei por tanto tempo, que seu rosto e sua voz foram as primeiras coisas que vi e ouvi durante tantos dias. Prefiro não esquecer de como tenho sorte. Por tudo. Por cada segundo. Por você. Pelas reticências...
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