Mesmo que tentasse conter pelo menos um pouco, era visível no rosto dela a ânsia, o desejo, a pressa de tê-lo perto. Noites mal dormidas são pouco para explicar. Duas horas lhe pareceram uma eternidade para se esperar.
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Para entender a saudade, precisa-se entendê-los. Entender o vai e vem dos dois: uma vida inteira de meros flashes de recordações tornadas em afeto repentino (mesmo que não exatamente), quebrados por um ano de saudade, seguido por algumas semanas de sonhos realizados, mais duas semanas de saudade, uns três meses de rotina completa à dois, dois meses de incertezas e distâncias e, por fim, duas semanas que os uniu mais do que nunca.
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Cada passo que dava na direção dele parecia querer lhe arrancar à força um sorriso. Era a distância diminuindo, era a dor se esvaindo. Ela sentia ele por ali, sabia que ele estava a observando. Quando, enfim, se permitiu levantar a cabeça, pôde ver, inquestionavelmente a pessoa mais alta naquele canto com o sorriso mais bonito, fitando-a.
A falta era por inteiro; do que tiveram e do que não podem ter. Abraços, minutos inteiros no silêncio da troca de olhares, a rotina, a preguiça, os sorrisos bobos. Difícil descrever o que os fizera mais feliz; Uma tarde inteira como duas crianças num fliperama; Um dia passeando pelos lugares bonitos da cidade; Ou como dois adolescentes de bicicleta num parque. Quem sabe até as tardes e noites de filmes, as noites mal dormidas (ou bem dormidas um ou lado do outro), os jogos, os amigos juntos...
Tudo que sentia em relação à ele era devastador. A paixão, a dor, o medo, a saudade, a alegria, o amor, a admiração. Tudo era de forma exagerada. E, exageradamente, eles tinham um ao outro. Devastadoramente rápido, complicado e complexo.
Assim, cada simples dia para era absurdamente necessário. Cada gesto, cada detalhe que é despercebido por aqueles que tem o privilégio de estar junto, para ela era infinitamente encantador. Cada simples olhar, sorriso sem motivo, cada entrelaçar de dedos, pernas, cada toque, beijo, abraço...
Ela conseguia ver a sinceridade nos olhos dele. O cuidado em seu jeito de falar. O seu desejo naquele irresistível sorriso de canto de boca. O amava mais a cada conversa, a cada novo detalhe descoberto, a cada novo segredo deixado pra trás, a cada nova intimidade.
Surpreendeu-a como ninguém conseguiu, amou-a de volta. E ela, entre seus devaneios e delírios mais reis do que nunca, ouviu a música onde tudo começara.
A ausência ensinou-lhes a aproveitar a presença. O medo de perder tornou-se certeza de voltar. A dor por estar longe transformou-se em força pra continuar.
terça-feira, 8 de julho de 2014
Saudade
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