- Anda, seu bobo! Não tem graça. Você prometeu que me diria, então pode ir falando - ela me implorou. Começou risonha; brincando. Mas terminou a frase querendo parecer brava comigo; não conseguiu exatamente, o que me fez rir. Carregava consigo o fardo de mulher formada, mas tinha o lado doce de criança.
- Um dia você vai saber. - disse tentando fazer com que ela continuasse com aquela cara de curiosa. Não consegui. Fez menção de que ia me dar uma bronca ao colocar as mão na cintura e bater o pé, mas não o fez.
Continuamos no nosso caminho. Sua voz, mesmo mudando frequentemente de tom, me alarmava; era uma bela melodia, mesmo com a sua insistência dizendo-me que é "tenebrosa". Entre um ou outro que aparecia para lhe cumprimentar, ela tinha uma feição diferente. Era estranho... ao mesmo tempo que seus olhos conseguiam perceber pequenos detalhes - mesmo com sua miopia - também ficavam dispersos, vagos, olhando para o nada, como se estivesse longe.
- E então, mais um feliz acaso, não é? - perguntei pra ela, tentando tirá-la do transe. Sempre funcionava.
- Ah, claro. O acaso é meio bipolar conosco, não é? Às vezes nosso amigo, às vezes faz o máximo pra não nos encontrarmos. - falou como se estivesse com a cabeça na terra o tempo todo, como se não tivesse ido para tão distante dentro da sua mente. Ela se dava bem com as palavras, era boa em argumentos. Tinha um ar de inteligência humilde. Falou sorrindo, quase saltitante. Mas era a pior hora...
Quando veio abraçar-me, foi quando percebi seus olhos. Percebi novamente, como da primeira vez. Aqueles olhos de cores estranhas. Inquietos e fundos. Olhos de ressaca...
- Querida Capitu. - disse-lhe enfim. Sabia o quanto ela amava esse apelido. Ele por si só conseguia lhe descrever boa parte.
Nota: esse diálogo não foi retirado do livro Dom Casmurro, é um resumo de diálogos reais e também a união de vários acontecimentos, coisas subentendidas. A Capitu dele só é "baseada" na do livro e ela tem esse apelido.
Diálogo de minha autoria com algumas ajudas especiais.
Diálogo de minha autoria com algumas ajudas especiais.
10 comentários:
Pois é, o tempo pra mim sobra, mas a questão não está na criatividade, e sim na dificuldade de começar. As ideias transbordam, mas não sai.
Espero que volte. :)
:*
Transe, acaso...
Palavras que combinadas formam uma idéia gostosa, particular, de crescimento pessoal, espiritual.
Alguém se identifica com a personagem? Hehe! :)
Relaxe... é só fase... ás vezes estamos meio sem jeito, meio sem graça... mas isso dura pouco...
Adoro o que vc escreve e como escreve...
Beijo...
P.S. Texto ótimo...
Geeente, eu TENHO que comprar Dom Casmurro.
Assisti a minisérie e tal, e amo esses trechos do livro que você coloca aqui :)
Vou assistir o vídeo
:*
Cá estava eu no blog da Alquimista de Sonhos e vi tua explicação. Eu também achei que tinha sido de Dom Casmurro, até por que eu não li o livro e nao tinha como saber que não era. E voce disse que estava ruim pra escrever...Mas cara, isso aqui tá genial! Tá lindo o jeito que você escreveu, foi bem gostoso de ler. Amei saber que foi voce que escreveu e que não foi tirado de um livro. :D
:*
Paraceu muito original. Escreves muito bem.
Ok, se você não tivesse falado, eu nunca iria saber xD
Mas não muda o fato de que ainda quero ler o livro :D
Idéias e palavras que se misturam formando uma dança maravilhosa.
Gostei muito do seu blog.
Sigo-te.
Se puderes visitar o meu blog,agradeço.E se gostar siga-o também ok.
Beijos
er, mas eu falei que mesmo não sendo trecho do livro, você me INCENTIVOU a lê-lo ainda mais... '-'
sauhdsauhdsuahdsua
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